28.4.12

Portugal, vive!

Custa-me escrever isto porque está recente a morte de uma pessoa e poderão pensar que a desrespeito. Mas bem pelo contrário. Falo do Miguel Portas, mas o que quero dizer tem a ver com a generalidade dos factos não com a individualidade da sua pessoa. 
Sobre ele pouco posso dizer. Não o conhecia salvo pela dimensão pública. Acompanhava ocasionalmente as suas intervenções. Pareciam-me mais sólidas do que muitos dos partido a que pertencia. Apercebi-me da doença e o seu desfecho. 
Dói a morte de quem tem valor. Dói a morte de uma pessoa. Mas só assim a vida se cumpre, retomando o ciclo de onde a vida surge. Pena que a vida não deixe, durando mais, que melhor se realizem certas vidas. Como sucedeu com ele.
O que quero dizer, porém, tem outro registo. Reparei nas exéquias públicas a seu respeito, no espraiar do sentimento de condolência pelas redes sociais, pelos comentários na imprensa, nas declarações públicas, no pesar que urdiu em tantos e tantos que, como eu, não o conheciam ou vagamente se tinham apercebido da sua existência e dos que, sabendo-o, recebiam com antagonismo o seu contributo para a causa pública. 
Teve o destino, afinal, de tantos portugueses que, uma vez idos, são colocados no Panteão da glória pelos mesmos pelos que os desconsideraram quando estavam entre nós em Portugal.
Miguel Unamuno, esse notável amigo dos portugueses, escreveu que somos um País de suicidas. Referia-se a todos e a cada um de nós. Amamos a morte, detestamos a vida. Os nossos heróis são os que foram. Dom Sebastião é a mítica do salvador que regressa do campo da morte, o Alcácer-Quibir da nossa esperança.
Um País que venera os seus mortos é um País com honra. Uma Nação que despreza os seus vivos, é uma Pátria morta.