Leio na imprensa que foi preso o mordomo do Papa, alcunhado de O Corvo. A Cúria hesita em relaxá-lo ao "braço secular", isto é, entregá-lo à Justiça italiana. Estava na posse de documentos secretos, segundo consulto na fonte directa, o Serviço de Notícias da Santa Sé, aqui.
E li também que foi irradiado, sem que se saiba ainda porquê, o presidente do Banco do Vaticano, Gotti Tedeschi. A segunda notícia leio-a na agência de notícias da Igreja Católica, a Ecclesia, aqui. A qual esclarece que não se trata de um banco em sentido técnico, mas do Instituto para as Obras Religiosas.
Trata-se, no que ao IOR respeita de um discreto lugar instalado na torre Nicolò V na Cidade Papal, entidade financeira do tipo das encarregadas da gestão de fortunas.
Sobre a pessoa de Tedeschi, membro do Opus Dei, e as suas ligações, cito da versão italiana do seguramente bem informado Wall Street Journal o artigo publicado quando da sua nomeação:
«Gotti Tedeschi, 54 anni, ex McKinsey, e' il rappresentante in Italia del Banco Santander Central Hispano (di proprieta' della cattolicissima famiglia spagnola Botin), ex fondatore della milanese Akros, banca di investimenti nata per fare concorrenza alla "laica" Mediobanca. Co-fondatore di Akros fu anche Gian Mario Roveraro, assassinato due anni fa in un delitto rimasto misterioso, pare legato a un ricatto finanziario. Gotti Tedeschi e' in grande sintonia con il governo Berlusconi, soprattutto grazie al ministro dell'Economia Giulio Tremonti. E' editorialista del quotidiano della Santa Sede l'"Osservatore Romano", insegna etica della finanza all'Università Cattolica di Milano. Dal 2004 al 2007 e' stato consigliere di amministrazione indipendente, nominato dal ministro dell'Economia, della Cassa Depositi e Prestiti, di cui e' di nuovo nel Cda dal 2009. Insieme a Rino Camilleri nel 2004 ha scritto il libro "Denaro e Paradiso: L'economia globale e il mondo cattolico".» [texto integral da notícia aqui].
A ligação entre uma notícia e outra, a da detenção do mordomo e a resignação do banqueiro, vejo-a, porém, aqui, na CNN: o agora detido poderia ter sido uma das fontes de que se serviu um jornalista italiano, Gianluigi Nuzzi, para ter escrito um livro chamado Sua Santità [aqui], periodista que já escrevera um livro chamado Vaticano, SA, o qual está traduzido em português, como se vê aqui. Em ambos os casos dúvidas e suspeitas sobre os negócios financeiros da Santa Sé, intriga política, escândalos.
«Gotti Tedeschi, 54 anni, ex McKinsey, e' il rappresentante in Italia del Banco Santander Central Hispano (di proprieta' della cattolicissima famiglia spagnola Botin), ex fondatore della milanese Akros, banca di investimenti nata per fare concorrenza alla "laica" Mediobanca. Co-fondatore di Akros fu anche Gian Mario Roveraro, assassinato due anni fa in un delitto rimasto misterioso, pare legato a un ricatto finanziario. Gotti Tedeschi e' in grande sintonia con il governo Berlusconi, soprattutto grazie al ministro dell'Economia Giulio Tremonti. E' editorialista del quotidiano della Santa Sede l'"Osservatore Romano", insegna etica della finanza all'Università Cattolica di Milano. Dal 2004 al 2007 e' stato consigliere di amministrazione indipendente, nominato dal ministro dell'Economia, della Cassa Depositi e Prestiti, di cui e' di nuovo nel Cda dal 2009. Insieme a Rino Camilleri nel 2004 ha scritto il libro "Denaro e Paradiso: L'economia globale e il mondo cattolico".» [texto integral da notícia aqui].
A ligação entre uma notícia e outra, a da detenção do mordomo e a resignação do banqueiro, vejo-a, porém, aqui, na CNN: o agora detido poderia ter sido uma das fontes de que se serviu um jornalista italiano, Gianluigi Nuzzi, para ter escrito um livro chamado Sua Santità [aqui], periodista que já escrevera um livro chamado Vaticano, SA, o qual está traduzido em português, como se vê aqui. Em ambos os casos dúvidas e suspeitas sobre os negócios financeiros da Santa Sé, intriga política, escândalos.
O autor, ao falar do livro, aqui, dava já conta da fonte segura das suas informações.
Em causa, em suma, a faceta financeira da Igreja de Pedro, a gestão do que lhe permite o poder, facilita o luxo.
Hoje é domingo. Para os católicos praticantes, é dia santo, do seu encontro semanal com Deus, através da sua Igreja.
Baptizado, Crismado, educado num Colégio de missionários, tenho para com o Indizível uma relação íntima, de angústia feita de dúvidas e esperanças, de desencontros mútuos. A ser sombra, é, porém, a de uma criatura simples, pobre como Job, disposto a dar a sua vida pela salvação dos outros, como Cristo, pura mística sem figuração, como o Espírito Santo. A ser esperança, não tendo onde cair morto, é, no entanto, a minha certeza da eterna vida. A ser força, é, enfim, a do filho de um carpinteiro que empunhou, irado, o azorrague para varrer à vergastada os vendilhões do templo.
Creio no que para ser não precisa de ter. Se o máximo esplendor desse Ser é o máximo despojamento do que se tem, que eu siga as pegadas do monge, refugie-me no covil do eremita, porque abomino o ouro opulento misturado com religião, a venalidade a babujar a fé, a frutificação final dos trinta dinheiros.