Oito séculos de História a desembocarem na palavra Pátria se ter tornado tão vazia de significado que morta de sentido está, e até parece mal.
Dia de Portugal de portugueses mansos e submissos, os que periodicamente elegem, julgando escolher, os do partido dos seus donos, escravos da falsa liberdade de votar, os que na urna depositam, qual funerária fosse, a morte da sua intervenção civil, dia dos que se submetem ao que vier, por já não quererem sequer saber, fantasmas da cidadania, sonâmbulos do pesadelo que é estar-se aqui.
Dia também da hora dos contentinhos e alienados de Portugal, hipnotizados por qualquer imbecilidade televisiva do raiar da manhã ao cair da madrugada, dia dos raivosos e ululantes, sim, mas no futebol à hora do golo, dia dos demais a acomodarem-se pela desilusão que é a velhice da alma, mendigos do tostão e do se faz favor, fado da viela da pouca sorte, dia do penduricalho a rodos e do festim comemorativo das senhoras autoridades.
Dia do carteirista a sonhar-se burlão, da corista que podia ser actriz, do doutorado a teclar em caixas de supermercado, dia em que a reforma já foi quase devorada por ser dia dez, dia do ócio feito estudo, da sortuda ponte por ser feriado e em Lisboa feriado logo a seguir. Dia do nada e do coisa nenhuma.
E, no entanto, na sombra dos covis e das mansardas, onde nem a História os surpreende, há loucos por ideais que são de razia do tudo mesmo que para nada, ido que foi já o Império e com ele o ouro e a pimenta, os Brasis e as Índias da aventura e da pilhagem, esquecidos os heróis que a febre matou e a espada da traição dos seus liquidou de vez, doente de morte que está o Ocidente de que somos rosto esfíngico e fatal, nesses tugúrios da raiva, sozinhos que estejam, mortos que venham a ser pela explosão da bomba incendária que tudo isto merece, há um Portugal a ressurgir.
Dia de esperança, pois, em que do sombrio e do desespero, se abra, como uma salva de clamores e de revolta um "Viva Portugal", "Portugal, tu não morrerás!"
E, no entanto, na sombra dos covis e das mansardas, onde nem a História os surpreende, há loucos por ideais que são de razia do tudo mesmo que para nada, ido que foi já o Império e com ele o ouro e a pimenta, os Brasis e as Índias da aventura e da pilhagem, esquecidos os heróis que a febre matou e a espada da traição dos seus liquidou de vez, doente de morte que está o Ocidente de que somos rosto esfíngico e fatal, nesses tugúrios da raiva, sozinhos que estejam, mortos que venham a ser pela explosão da bomba incendária que tudo isto merece, há um Portugal a ressurgir.
Dia de esperança, pois, em que do sombrio e do desespero, se abra, como uma salva de clamores e de revolta um "Viva Portugal", "Portugal, tu não morrerás!"