Estava à porta de uma loja de artigos para casa. Meteu conversa com uma senhora com quem simpatizou ou ela com ele. Quando ouvi o conversado já se tinham despedido com amabilidades mútuas, ela de cadeira de rodas. «Tem o quarto ano de arquitectura mas teve de esconder as habilitações para arranjar este trabalho». Voltámos à nave central do centro comercial. Saraivadas de gente nova, alguma esperta, activa, promissora, de serviço a lojas de nenhuma venda em troca de raquíticos ordenados. Muitos com cursos superiores. Mesmo assim eram bonitos, de uma beleza ofensiva num mundo feio, alguns sorriam.
A instrução hoje é uma burla: oferecem-se desempregos a quem pagar o ensino. Para muitos casos exigem-se licenciaturas. Terminadas estas, não há trabalho. Tira-se então um mestrado, ou dois, mesmo um doutoramento. De vez em quando surge a magnífica oportunidade de um «call centre», que é uma forma de vender o que nunca se terá.